sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Grécia no período clássico (séc.V)


Grécia no período clássico (séc.V)


A afirmação do mundo helénico deu-se num espaço facilitador do contacto humano e corporizou-se através de uma rede de cidades-estado.

Banhada pelo Mediterrâneo, a Grécia é uma região muito montanhosa, possuindo uma costa recortada em golfos profundos que avançam para o interior; o solo é pobre e escasso em água, dado o pequeno caudal dos rios que o atravessam.

Este conjunto de condições e as rivalidades entre os diferentes povos invasores favoreceram a formação de cidades-estado. As condições geográficas e a pobreza dos solos deram origem a um movimento migratório por parte dos gregos, em busca de melhores condições de vida. Dirigindo-se maioritariamente para as costas do Mediterrâneo e do Mar Negro, os gregos fundaram aí colónias, que deram lugar a novas cidades-estado.

Entre os séculos VIII e VI a. C., as diferentes comunidades gregas, organizadas já em cidades-estado, empreenderam um processo de expansão marítima, resultando daí a formação do mundo grego ou helénico. Os elementos unificadores deste mundo foram a língua, os costumes, a religião, os jogos e as relações comerciais que foram estabelecidas entre as diferentes cidades-estado.

No século V a. C., Atenas alcançou uma posição de superioridade em relação às restantes cidades-estado gregas. Para isso contribuiu o processo de abertura marítima que transformou Atenas numa cidade mercantil. Tirando partido da sua situação económica e do seu papel de intermediário no comércio entre diferentes povos da sua região, Atenas conheceu um período de grande prosperidade.

A Grécia Antiga é o berço da democracia, sendo que este novo sistema político era uma alternativa à tirania.


Sociedade Ateniense:
A sociedade ateniense no século V a. C. era composta por três grupos: cidadãos (Indivíduo pertencente a um Estado livre e que possui o direito e o dever de participar na vida civil e política desse Estado. Na Grécia Antiga, este grupo social gozava de todos os direitos civis e políticos e era constituído por todos os homens atenienses, maiores de 18 anos, filhos de pais atenienses e com o serviço militar cumprido), metecos (Estrangeiro livre residente em Atenas, sem direito a possuir terras nem a participar na administração da cidade, apesar de pagar impostos e prestar serviço militar. Dedicava-se ao comércio e à atividade artesanal) e escravos (Indivíduo que não tinha quaisquer direitos, sendo considerado propriedade de um senhor ou de um Estado). A maioria da população era constituída por escravos. Os cidadãos constituíam uma pequena parte da população (cerca de um décimo) e apenas eles tinham o direito de participar no governo da cidade. No seu dia-a-dia, os cidadãos reuniam-se na ágora (centro cívico da cidade), onde discutiam política e negócios.

O funcionamento do regime democrático:
Atenas conheceu vários tipos de governo: monarquia, em que o poder pertencia a um rei; oligarquia, em que o poder pertencia a um grupo de nobres; e tirania, em que o poder era exercido por um único homem, que tomava sozinho todas as decisões. No século V a. C., Péricles instaurou um novo regime político: a democracia (Sistema político em que o poder é exercido pelos cidadãos, considerados livres e iguais em direitos e deveres perante a lei) (demos = povo + cratos = poder), na qual o poder era exercido pelos cidadãos (Indivíduo pertencente a um Estado livre e que possui o direito e o dever de participar na vida civil e política desse Estado. Na Grécia Antiga, este grupo social gozava de todos os direitos civis e políticos e era constituído por todos os homens atenienses, maiores de 18 anos, filhos de pais atenienses e com o serviço militar cumprido) (povo). A democracia ateniense tinha como princípio fundamental a igualdade de direitos entre os cidadãos, pois todos podiam exercer cargos políticos ou aprovar leis.
Apesar de todos os cidadãos atenienses poderem votar e ser eleitos para governar a sua cidade, esta democracia era imperfeita, ou seja, tinha algumas contradições:
·         Só uma minoria da população — os cidadãos — podia participar no governo da sua cidade; a restante população, ou seja, as mulheres, os metecos e os escravos, estava impedida de participar na vida pública;
·         Existia escravatura, o que fez com que se tenha considerado a democracia ateniense uma democracia esclavagista, pois o desenvolvimento da cidade-estado assentava no trabalho escravo;
·         A existência da pena de morte foi outra limitação da democracia ateniense, juntamente com a condenação ao ostracismo (exílio);
·         Atenas liderava a Liga de Delos, composta por outras cidades do mundo grego, às quais exigia o pagamento de tributos em troca de defesa; por isso, Atenas é considerada uma potência imperialista.
A democracia ateniense foi, no entanto, um exemplo de participação cívica e governação para as restantes cidades-estado gregas e para o mundo atual. Foi também uma das grandes heranças da civilização grega.

A sociedade ateniense encontrava-se dividida em diversos espaços e assentava em três poderes: legislativo, executivo e judicial.


Poder Legislativo:
·         Bulé (Sorteados) – 500 cidadãos preparavam as leis para serem aprovadas na Eclésia
·         Eclésia – Assembleia dos cidadãos, onde votam as leis, decidem a guerra e a paz, controlam os juízes.
Poder Executivo:
·        10 Estrategas (Eleitos)        Comandam o exército, velam pela aplicação das leis,
·        10 Arcontes (Sorteados)                 presidem aos tribunais e organizam o culto dos deuses.
Poder Judicial:
·         Helieu – 6000 juízes que julgavam os casos mais comuns
·         Areópago (Sorteados) – julga os crimes de homicídio e as questões religiosas

Foi no domínio da cultura que a superioridade dos gregos se tornou mais evidente. O pensamento humanista e a criatividade artística conferiram à civilização grega um caráter universal.


A formação do cidadão:
A educação do cidadão ateniense constituía um importante fator da superioridade intelectual grega, pois associava o desenvolvimento intelectual ao desenvolvimento físico. As discussões na praça pública, os concursos artísticos e as competições desportivas faziam parte dessa formação, que se desenvolvia segundo as seguintes etapas:
·         Até aos 7 anos – a criança permanecia junto da mãe, no gineceu (parte da casa reservada às mulheres e às crianças);
·         Dos 7 aos 12 anos – enquanto a rapariga permanecia em casa, o rapaz era entregue a um pedagogo que o acompanhava ao ginásio e à escola, onde praticava exercício físico e aprendia a ler, escrever e contar;
·         A partir dos 12 anos – praticava ginástica e luta;
·         Dos 15 aos 17 anos – dialogava com os filósofos, aperfeiçoando a arte de falar em público;
·         Dos 18 aos 20 anos – prestava dois anos de serviço militar, após o que era considerado cidadão de pleno direito.
Mas a aprendizagem não se completava aqui: o cidadão refletia sobre si mesmo e sobre o que o rodeava, encontrando as respostas para as suas dúvidas nas representações teatrais, na filosofia e na ciência.

Os deuses e o culto:
Um dos traços de união de todas as cidades-estado era a religião, que se caracterizava pela existência de deuses comuns a quem todos prestavam culto. Os gregos acreditavam que os seus deuses eram semelhantes aos seres humanos em todos os aspetos (antropomorfismo), só se distinguindo destes pela imortalidade e pela invisibilidade. Entre os deuses e os homens havia heróis, que eram considerados metade humanos e metade deuses. Ao conjunto das histórias dos deuses e heróis gregos chamamos mitologia. Entre os numerosos deuses gregos destacam-se:
·         Zeus (pai dos deuses e senhor dos fenómenos atmosféricos e da luz do dia);
·         Atena (deusa da sabedoria, da inteligência e das artes);
·         Afrodite (deusa da beleza e do amor);
·         Dioniso (deus da fertilidade, da vegetação e do vinho).

Os jogos:
Os jogos foram uma das manifestações mais importantes da religião grega. Ao longo do ano realizavam-se grandes festas religiosas que incluíam manifestações desportivas e artísticas. Os Jogos Olímpicos eram os mais importantes: realizavam-se de quatro em quatro anos em Olímpia, em honra de Zeus. Para que estes jogos se realizassem, era decretada a paz em todo o mundo grego. A participação nestes jogos era muito importante, pois os atletas competiam pela sua glória e pela glória da sua cidade, sendo recebidos como verdadeiros heróis. Os jogos compunham-se por várias provas: corridas, lutas, corridas de cavalos e pentatlo.

O teatro:
O teatro tinha para os gregos um caráter ao mesmo tempo cívico e religioso, tendo a sua origem nas festas em honra de Dioniso. Os principais temas das peças teatrais representavam episódios dramáticos da vida dos deuses e de heróis lendários (a tragédia). Algumas representações relacionavam-se com a vida política e social de Atenas, ridicularizando cenas da vida real e vícios dos homens (a comédia).
A tragédia é uma forma dramática, cujas personagens são condenadas pelo Destino, a um fim de sofrimento e morte. Os principais autores de tragédias foram Ésquilo, Sófocles e Eurípides. As suas obras tinham grande suspense e importantes ensinamentos morais.
A comédia é uma forma dramática, que também transmite lições sobre a vida, mas ridicularizando os defeitos e os vícios da sociedade da época. O maior autor de comédias gregas foi o ateniense Aristófanes, cujas obras se caracterizam por uma mordaz crítica social.

O pensamento:
Na Grécia, pela primeira vez, surgiram homens que procuraram a explicação para a origem do Universo, da vida e das forças da Natureza recorrendo à razão — eram os filósofos. Alguns dos principais filósofos gregos, como Platão, Aristóteles e Sócrates, ainda hoje são considerados, universalmente, mestres da literatura e do pensamento filosóficos. O interesse pelo ser humano levou os gregos a recolher o máximo de informações sobre os grandes feitos dos seus antepassados. Das suas ações procuraram extrair lições para o presente e compreender a marcha da humanidade; nasceu assim a História.
Com os gregos foram dados os primeiros passos em quase todas as ciênciasMatemática (Pitágoras), Medicina (Hipócrates), Literatura (Homero e Hesíodo), História (Heródoto e Tucídides), etc. O grande contributo dado pelos gregos para o nascimento do espírito científico consistiu em libertar o pensamento do caráter mágico e religioso com que os povos anteriores explicavam os fenómenos da natureza e a própria existência humana. Os gregos procuraram formular leis, compreensíveis pela razão, que explicassem o Universo e o comportamento humano e contribuíssem para o progresso e felicidade das pessoas. Os gregos tiveram a necessidade de criar a oratória, a parte de bem falar em público, nesta destacaram-se Péricles, Demóstenes.

A apurada sensibilidade estética é uma marca fundamental da civilização grega.


Características gerais da arte grega neste período clássico:
·         Humanismo – valorização do homem, reflexão sobre os valores humanos.
·         Racionalismo – confiança na razão do Homem para se chegar à verdade.
·         Harmonia, Equilíbrio, Beleza – característica muito visível na arte.

A arquitetura grega no período clássico (séc. V a.C.):
·         Ordem dórica:
o   Simples e maciça
o   Friso dividido em métopas (relevos) e tríglifos (linhas)
o   Capitel simples
o   Coluna sem base

·         Ordem Jónica:
o   Friso contínuo
o   Capitel com volutas
o   Fruste da coluna elegante e gracioso
o   Coluna com base

·         Ordem Coríntia:
o   Capitel com folhas de acanto
o   Coluna elegante e graciosa
o   Coluna com base


Principais características da escultura grega no séc. V a.C.:
·         Idealismo
·         Rigor do pormenor
·         Perfeição
·         Harmonia
·         Proporção
·         Expressão de sentimentos
·         Serenidade dos rostos
·         Ideia de movimento
·         Naturalidade

Principais escultores gregos no séc. V a.C.:
·         Fídias
·         Policleto
·         Míron
·         Praxíteles

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